quarta-feira, 16 de julho de 2014

Formigas cortadeiras mudam de função conforme envelhecem

Pesquisadores descobriram que uma formiga da América Central se “aposenta” da função de cortar folhas quando envelhece, e muda para a função de transporte. Os resultados sugerem que as formigas podem estender sua vida útil conforme suas habilidades diminuem.


As formigas-cortadeiras começam suas vidas com mandíbulas afiadas como navalhas, a fim de cortar as folhas que colhem. As folhas coletadas pelas formigas são transportadas de volta à colônia, onde a seiva é colhida para a alimentação. Elas também são usadas como uma superfície de crescimento de um fungo que é consumido pela colônia.

Segundo os cientistas, cortar as folhas é um trabalho árduo. Grande parte do corte é feito com uma lâmina em forma de V entre os dentes da mandíbula da formiga. Essa lâmina começa tão afiada quanto a mais afiada lâmina desenvolvida por humanos. Também é possível que as mandíbulas das formigas-cortadeiras contenham biomateriais como zinco enriquecido, que as fortalecem.

Ao longo do tempo, porém, essas lâminas afiadas se” desgastam”. Conforme isso acontece, os insetos tendem a mudar de função e passam a transportar as folhas cortadas por seus colegas mais jovens.
Os pesquisadores mediram o desgaste da lâmina de corte na mandíbula da espécie Atta cephalotes, de uma colônia no Parque Nacional da Soberania, no Panamá. O estudo revelou que as formigas-cortadeiras com mandíbulas muito desgastadas tinham dificuldades em cortar folhas.

As formigas com os dentes mais desgastados, que tinham menos de 10% da lâmina de corte, exclusivamente carregavam folhas ao invés de cortá-las. A equipe estima que, por causa deste desgaste relacionado com a idade, uma colônia gastou duas vezes mais energia cortando folhas do que se todas as formigas tivessem mandíbulas afiadas.

Os resultados suportam a ideia de que o desgaste e a fratura podem ser problemas significativos para os insetos, bem como animais de maior porte. Porém, o estudo também demonstra uma vantagem da vida social que os seres humanos estão familiarizados.

A mensagem é que os seres humanos que não podem mais fazer certas tarefas ainda podem contribuir muito para a sociedade. As formigas-cortadeiras vivem em colônias que têm uma estrutura muito desenvolvida com uma hierarquia rígida. Este nível de organização social é descrito como eussocial.

Além de beneficiar a colônia, os pesquisadores acreditam que essa habilidade de mudar de função também pode levar a maior expectativa de vida dos insetos que vivem em colônia, em comparação com seus parentes solitários.

Espermatozóides de formigas trabalham em equipe para serem mais eficientes

Você já tinha parado para pensar sobre o processo reprodutivo das formigas? Pois, se isso parece irrelevante para você, saiba que existem pesquisadores preocupados com esse assunto, e que inclusive descobriram algo incomum sobre os espermatozóides de uma espécie específica desses insetos.
e acordo com o Science News, um estudo recente (publicado em 10.06.2014 em Biology Letters) revelou que os espermatozoides das formigas da espécie Cataglyphis savignyiformam grupos de 50 a 90 unidades para que eles se desloquem mais depressa e sejam mais eficientes na hora de fertilizar óvulos. Segundo a pesquisa, os machos dessa espécie morrem logo depois de acasalar, e as fêmeas que acabaram de ser inseminadas vão procurar diversos outros parceiros para garantir uma boa prole.

As fêmeas então armazenam as células reprodutivas de diversos machos que depois são utilizadas para fertilizar os óvulos. Os pesquisadores descobriram que ao formar grupos - por meio de uma proteína grudenta que os mantém unidos pela cabeça - , os espermatozoides dos machos chegam a se deslocar até 51% mais depressa do que se estivessem sozinhos, aumentando suas chances de serem armazenados pela fêmea.
A descoberta foi feita por pesquisadores da Universidade Livre de Bruxelas, na Bélgica, e conforme explicaram, eles acreditam que a estratégia de trabalho em grupo das células reprodutivas dessa espécie de formiga seja uma característica evolutiva que ajuda os machos a vencer a corrida pela fertilização.